A Terra está sujeita a radiação cósmica e da sua constituição fazem parte alguns radionuclídeos, forma instável de um elemento químico que liberta radiação ionizante quando toma uma forma estável. A radioatividade, para além de ser um fenómeno de origem natural, resulta da ação antropogénica com consequente utilização em diversas áreas de atividade. Neste sentido, a radioatividade resulta essencialmente de quatro fontes principais:
Independentemente da sua origem, os isótopos radioativos (átomos com o mesmo n.º atómico e diferente n.º de massa) podem ocorrer na atmosfera na forma gasosa ou particulada (associados ao aerossol atmosférico). A forma particulada é a que assume maior significado de risco radiológico, uma vez que essas partículas, através dos processos de transporte e deposição atmosférica, interagem com a biosfera.
A exposição do homem à radioatividade pode afetar a sua saúde, nomeadamente, através de alterações genéticas e aparecimento de diversos tipos de neoplasias (leucemia, cancros do pulmão, pele, estômago, cólon, bexiga, mama e ovário, etc.). A exposição pode ser direta ou por via indireta através do meio ambiente, ar, água, solo e alimentos, devido à introdução acidental daquelas substâncias no meio ambiente.
Com o objetivo de monitorizar a radioatividade do ambiente, foi criada a Rede de Vigilância em Contínuo da Radioatividade do Ambiente (RADNET), que é capaz de detetar situações de aumento anormal de radioatividade. A RADNET integra atualmente 23 estações de medição de radioatividade no ar, localizadas no território continental e nas regiões autónomas. Em Ponta Delgada existe uma estação fixa, sendo a sua gestão da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente.
Relativamente aos valores médios anuais da taxa de dose de radiação gama no ambiente, os dados recolhidos entre 2010 e 2022 na estação de Ponta Delgada correspondem a valores do fundo radioativo natural do local onde ocorreu a medição. Este fundo radioativo natural varia em função da geologia local e da altitude. Pode, ainda, observar-se que as médias anuais se mantiveram constantes até 2019, verificando-se, a partir de 2020, uma diminuição dos valores médios anuais, sendo que a situação se tem mantido normal do ponto de vista radiológico.
As situações de alarme são provocadas quando os níveis de radiação medidos são superiores a um limiar pré-fixado a partir da estação central, situada na Agência Portuguesa do Ambiente, que, atualmente, corresponde aproximadamente ao triplo do valor médio medido em situação normal.